Por JB Queiroz Filho
O crescimento do e-commerce B2B tem sido uma tendência importante na indústria, impulsionada pela transformação digital e pela necessidade de crescimento dos negócios. A estratégia oferece uma série de benefícios e vantagens para as empresas, deixando de ser um diferencial competitivo e se tornando essencial para as indústrias no cenário atual.
O comércio eletrônico deve ter crescimento global anual de 19,7% de 2022 até 2030. Desse modo, as empresas que não investirem nessa modalidade correm o risco de ficar para trás e perder espaço para as que se destacam no ambiente digital, segundo estudo realizado pela consultoria de mercado Grand View Research. Por outro lado, apenas 7% das empresas pesquisadas adotavam dez ou mais recursos tecnológicos, de acordo com um levantamento realizado em 2022 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Esses dados evidenciam que a transformação digital na indústria, também conhecida como Indústria 4.0, ainda está em estágio inicial e há um longo caminho a percorrer.
Muitas indústrias enfrentam diversos desafios na adoção de recursos tecnológicos e na transição para o e-commerce. A introdução de mudanças tecnológicas pode gerar resistência por parte dos colaboradores e da cultura organizacional estabelecida, pois a adaptação a novos processos e sistemas pode ser vista como uma ameaça ou gerar desconfiança, o que dificulta a aceitação e a implementação das mudanças. Por isso, a resistência em aderir ao digital e a falta de conhecimento sobre as tecnologias disponíveis podem ser um obstáculo.
Vale ressaltar que a implementação de soluções digitais pode ser um processo complexo e exigir conhecimentos técnicos especializados. A falta de expertise interna ou a dificuldade em encontrar profissionais qualificados para lidar com a implementação e a manutenção dos sistemas pode ser um fator limitante para algumas indústrias.
Uma alternativa pode ser contar com a ajuda de consultorias em TI (Tecnologia da Informação) que dispõe de squads de tecnologia que atuam com modelo ágil para a implantação de projetos.
Além disso, a transição para o digital também traz consigo preocupações relacionadas à segurança cibernética. As empresas podem hesitar em adotar tecnologias avançadas devido ao medo de violações de segurança, vazamento de dados ou ataques cibernéticos.
É importante abordar esses desafios de forma estratégica e buscar soluções personalizadas para cada indústria, considerando suas necessidades e recursos disponíveis. Um planejamento cuidadoso e bem estruturado, com ênfase na conscientização, treinamento e gestão da mudança, pode auxiliar as empresas a superar essas barreiras e dar início à jornada em direção ao e-commerce e à transformação digital.
Por onde começar?
A transição da indústria para o e-commerce é uma jornada estratégica que requer um planejamento cuidadoso e uma execução eficiente que envolve etapas fundamentais para o sucesso dessa transformação.
Primeiramente, as empresas devem arrumar a casa e se preparar para lidar com os desafios e oportunidades do comércio eletrônico. Isso inclui a preparação para lidar com grandes volumes de dados, a implementação de tecnologias adequadas, como PIM (Product Information Management), CRM (Custom Relationship Management), ERP (Enterprise Resource Planning) e integrações, além de considerações relacionadas à logística e questões legais.
É essencial também preparar as pessoas envolvidas nesse processo, seja por meio de um Comitê de Transformação Digital ou pela criação de uma área digital, juntamente com a gestão de conflitos de canais.
A etapa de planejamento envolve a definição da proposta de valor da empresa no ambiente do e-commerce. Nessa fase, é crucial considerar diversos fatores, como o aumento nas vendas, a implantação de um modelo de canal híbrido, a conquista de vantagens comerciais na cadeia, ganho operacional, evolução do legado atual, gestão aprimorada dos ativos digitais, evolução da cultura empresarial, teste de novos produtos ou serviços, abertura de novos mercados, educação do mercado e redução da fricção.
Além disso, é fundamental fornecer uma experiência consistente ao consumidor final, levando em consideração a demanda por um atendimento multicanal.
Após essas etapas, é hora de colocar em prática todo o planejamento realizado anteriormente. A fase de execução implica em ativar o tráfego para o ambiente digital, considerando estratégias de desempenho e branding.
O Trade Marketing Digital também desempenha um papel crucial nessa fase, com a gestão de eventos, mídia e execução de loja. Além disso, o Retail Media pode ser explorado, proporcionando uma alternativa ao mercado tradicional de publicidade e gerando economia na compra de mídia.
Também é importante evitar delegar todas as responsabilidades para a área de TI (Tecnologia da Informação). A definição de objetivos claros e a comunicação eficiente entre todos os envolvidos são elementos-chave para o sucesso.
A gestão de vários fornecedores também requer atenção, assim como a clareza do objetivo em comum e a necessidade de realizar ajustes durante o projeto.
Recomenda-se práticas como kick-off, reuniões diárias, relatórios de status e gestão baseadas em métricas para manter o projeto alinhado e em constante evolução. Além disso, deve-se respeitar a cultura organizacional e estar atento aos stakeholders, a fim de minimizar ou evitar conflitos de comunicação.
A consideração cuidadosa de cada etapa e das principais questões envolvidas pode ajudar as indústrias a maximizar as oportunidades e superar os desafios da transformação digital.
Contudo, independentemente do modelo comercial escolhido, é essencial ter em mente que, no final, o sucesso está nas mãos das pessoas vendendo para pessoas.
JB Queiroz Filho, é CEO do Grupo JBQ.Global, referência na prestação de serviços especializados de tecnologia para transformação e aceleração digital.
Artigo originalmente publicado no portal A Voz da Indústria.